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Cadeados do amor: o romantismo e as dúvidas do Pont des Arts

 

O famoso Pont des Arts não está caindo, mas está pagando o preço por ser um dos lugares do mundo mais românticos para trocar votos de amor. Desde 2008, a tradição dos cadeados de amor, fechados nas grades da ponte por namorados se jurando fidelidade antes de jogar as chaves no Rio Sena, está virando um problema – e se fala de 700.000 cadeados recuperados desde então.

Em Abril, uma das grades caiu (do lado de dentro) e a ponte fechou alguns dias para conserto. As quarenta toneladas de cadeados não representam nenhum problema para segurança dos visitantes, mas a prefeitura fica atenta e toma os maiores cuidados com a manutenção. As telas da grades são trocadas cada vez que precisa para aliviar as estruturas. As antigas, com os milhares de cadeados, são guardadas num local sigiloso, nenhuma decisão tendo sido tomada quanto ao destino desses símbolos do romantismo da cidade-luz.

Plebiscitada pelos turistas, os namorados, e os vendedores de rua que oferecem até cadeados com nomes gravados, essa nova tradição está porém criando preocupações especialmente desde que ela parece se espalhar em outras pontes de Paris. E quarenta cadeados já foram retirados do ultimo andar da torre Eiffel

Os opositores foram primeiro alguns artistas. Assim em maio 2010 um estudante dos Beaux Arts retirou durante uma noite todos os cadeados para realizar uma obra que ficou exposta alguns meses mais tarde na faculdade de Arte. Em 2012 o artista Loris Greaud roubou quase todos eles para realizar varias obras de arte com o nome de Tainted Love para a sua exposição `The unplayed note’. Mas recentemente, em fevereiro desse ano, duas americanas apaixonadas por Paris, Lisa Anselmo e Lisa Huff, lançaram um abaixo assinado para reclamar a retirada dos cadeados e a proibição dessa tradição. Apoiado por alguns moradores e muitos ‘bobos’ (os burgueses boêmios, privilegiados desse bairro), 7700 pessoas já assinaram no site No love locks….

Numa cidade que recebeu 29,7 milhões de turistas em 2014, e cujo símbolo maior é justamente o romantismo e a paixão, é difícil atender um pedido de No Love… A nova prefeita de Paris, Anne Hidalgo, encarregou o Secretario da Cultura, Bruno Julliard, de propor alternativas que sejam artísticas e ecológicas. Vamos acima de tudo esperar que burocracia e regulamentos administrativas não tiram o charme desse tradição nova mas que combina tão bem com as pontes do Rio Sena – esse rio que foi cantado como uma amante cujo namorado se chamava Paris.

Então, sim ou não aos cadeados de amor?

Jean-Philippe Pérol

A Atout France está realizando uma pesquisa sobre Romantismo na França no século XXI. Para participar, clique aqui.

 

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