No dia 6 de Maio de 1994, a Rainha Elizabeth II e o então Presidente francês François Mitterrand inauguraram o túnel entre os dois países. A Inglaterra não era mais uma ilha, o continente não era mais isolado, e um sonho de quase duzentos anos tornava-se realidade.
Era em 1802 que tinha sido pensado o primeiro projeto. O engenheiro Albert Mathieu-Favier fez a proposta de um túnel com duas galerias. Com as guerras de Napoleão a ideia não avançou e foi somente em 1851 que saiu um novo projeto, um outro túnel, essa vez pré-fabricado e de aço. Em 1852, uma outra proposta, uma ponte com 400 pilares de pedras, foi logo abandonada. A ideia do túnel, essa vez levantada pelo francês Aimé Thomé de Gamond e John Hawkshaw voltou a ser considerada e levou as primeiras obras a partir de 1878 em Sangatte. Mas as dificuldades técnicas, a oposição de políticos e militares levaram a um embargo das obras em 1883 enquanto menos de dois km de galerias tinham sido realizadas.
Demorou noventa anos para mais uma tentativa frustrada em 1971, abandonada depois de 700 metros. E foi em 1981 que o projeto atual começou a nascer numa reunião em Londres entre os governos francês e inglês.
Mas a obra foi um sucesso, virando o mais comprido túnel submarino do mundo com 38 km em baixo do mar e um total de 50 km. Em seis anos, 12000 operários finalizaram os três túneis (um em cada sentido mais um para o serviço), os dois terminais e todas as infraestruturas. Iniciada em maio de 1994, a abertura foi progressiva, primeiro com as navetes para caminhos, depois os trens de carga, as balsas para carros de passeios, e, a partir de novembro 1994, os TGV Eurostar. Em vinte anos, 330 milhões de passageiros.
O túnel teve um impacto decisivo sobre os fluxos turísticos entre a Franca e a Inglaterra que cresceram de mais de 50% . Mas teve também consequências para todos os turistas, e até para os brasileiros que foram mais de 50.000 a juntar Paris e Londres, hoje um dos roteiros mais vendidos na Europa pela Rail Europe. Bruxelas também ficou mais visitada.
Jean-Philippe Pérol