O turismo com 100 milhões de empregos a reconstruir

 

Egito, um dos destinos em destaque em 2021

Na véspera da alta temporada do hemisfério Norte, nos raros destinos internacionais abertos, os poucos viajantes vão com certeza amar os preços imbatíveis dos aviões e dos hotéis, a exclusividade das visitas de monumentos e atrações, a volta da natureza nos parques e jardins, ou a atenção especial dos guias e dos garçons. Menos visível para os visitantes, eles não poderão ver o outro lado da moeda desse “underturismo brutal”, o desaparecimento de muitos pequenos empregos que alegram o turista como motoristas, empregados, artesãos,  motoristas, vendedores de rua, artistas, animadores ou músicos.

Veneza saindo do overturismo e repensando uma nova relação entre turistas e moradores

Segunda uma estimativa do WTTC, o World Tourism and Travel Council, a queda de 74% do turismo internacional em 2020 já levou a destruição de 62 milhões de empregos, um número que poderia mesmo ter sido maior sem as medidas de apoio ao setor de muitos governos. A Organização Mundial do Turismo acredita porém que esses números são subestimados devido ao atraso da retomada, e já projeta para o final desse ano mais de 100 milhões de desempregados. Um cenário negro dentro do qual a OCDE teme que a metade das pequenas e médias empresas do setor desaparecem antes de 2022.  

As Ilhas do Tahiti souberam aproveitar o turismo para preservar seu patrimônio cultural

A crise do turismo impacta toda a economia de muitos países onde o setor representa não somente 10% do PIB, mas também a primeira fonte de divisas,  e até 25% dos empregos gerados nos últimos 5 anos. Em agosto 2020, um relatório da ONU chamou a atenção dos governos sobre a importância desses empregos, especialmente na África e na Oceania. Mesmo pouco qualificados, eles oferecem verdadeiras perspectivas de formação e de carreira para jovens sem diplomas, mulheres, populações rurais, povos autóctones e grupos marginalizados. São também essenciais a preservação do patrimônio natural e cultural. 

Os dois cenários da OMT para 2021

As perspectivas a curto prazo continuam pessimistas. Depois de anunciar uma queda de 87% do turismo internacional em janeiro, a OMT publicou dois cenários para 2021. O primeiro seria de uma retomada a partir de julho, com um aumento de 66% das chegadas em relação a 2020 – ainda inferior de 55% aos níveis anteriores a crise  O mais provável seria no entanto o segundo, uma volta ao normal a partir de setembro, um aumento das chegadas de somente 22% em relação a 2020 – inferior de 67% aos níveis de 2019.  A saída definitiva da crise seria assim projetada para janeiro ou abril de 2022. 

O turismo pos Covid ainda deve ser redesenhado

Com a normalidade ainda demorando a voltar, muitos dos seus profissionais obrigados a encontrar empregos em outras atividades ou perdendo fé no futuro do setor,  o turismo corre o risco de perder os homens e as mulheres que são a sua maior riqueza. Mesmo com as dramáticas circunstâncias atuais, ninguém deve porém perder a esperança. Em primeiro lugar porque os fluxos de turismo internacional vão voltar a crescer, a projeção da OMT de 1,8 bilhão de turistas para 2030 sendo somente recuada de dois ou três anos, permitindo a recuperação dos 100 milhões de empregos perdidos . Em segundo lugar porque o turismo vai acelerar uma extraordinária mutação – ecológica, social, cultural e comportamental- que vai ser para todos os profissionais do setor, e especialmente os mais jovens,  um desafio apaixonante.

Jean-Philippe Pérol

Emoções transformacionais e exclusividade,  tendências para ser respondidas

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