As agencias receptivas nas revoluções do trade turistico!

Agencia receptivo da Wagons-lits no Rio em 1935

A primeira agencia da Wagons lits no Brasil, foto de Abril 1936

Iniciada no mundo literário francês do século XIX, a briga dos antigos e dos modernos divide ainda hoje o mundo das profissões do turismo. Enfrentam-se, com garra e argumentos, pro ou contra o comissionamento das passagens, pro ou contra as vendas diretas das operadoras, pro ou contra as agencias on-line,ECTAA-Lufthansa ou, mais recentemente, pro ou contra a decisão do grupo Lufthansa de cobrar as reservas feitas através dos GDS concorrentes. Cada evolução, seja feliz ou dramática, vira uma batalha verbal (e, as vezes, jurídica) entre aqueles que querem aproveitar as mudanças e aqueles que acham possível atrasar ou até bloquear a chegada das novas regras ou das novas tecnologias validadas – ou não- pelo mundo lá fora.

Se no Brasil o trade já passou por mudanças importantes, e recentemente drásticas, muitas ainda estão acontecendo e o debate sobre as comissões (não) pagas pelas companhias aéreas continua agitando operadoras e associados da ABAV.abav Ao nível internacional, uma nova onda de intermediação esta provocando turbulências que poderiam essa vez perturbar as operadoras. Esses novos atores,  aproximando viajantes experientes e agencias receptivas locais, conhecerem nos últimos anos um forte crescimento em torno de três conceitos simples: colocar diretamente em contato os viajantes (ou as agencias emissoras) com receptivos do mundo inteiro, oferecer serviços extremamente personalizados, deixar ao cliente uma liberdade total referente ao transporte aéreo.

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Chamados de “Feiras livres de receptivos”, esses intermediários têm várias maneiras de trabalhar. Os pioneiros, Evaneos ou Le Voyage Autrement , possuem registros de operadoras, porém não faturam o cliente e cobram uma comissão sobre as vendas diretas das agencias receptivas presentes nas suas plataformas. O sucesso do modelo levou grandes operadoras a criar sites especializados . voyageur-du-mondeNa França por exemplo, “TraceDirecte” pertence ao grupo Voyageurs du Monde,  e Visages Découvertes foi fundada pela rede de agencias receptivas  Réceptifs Leaders. Essas empresas escolheram uma forma clássica de remuneração, cobrando entre 5 e 17% de comissão e faturando diretamente o viajante. Com a mesma vontade de valorizar as agencias receptivas, mas sem querer acessar ao cliente final,  Doyourtravel  inventou ainda uma outra proposta, tornando-se uma plataforma com ferramentas sofisticadas para as agencias de viagens poder montar e faturar roteiros atraentes. Nesse modelo tanto as agencias receptivas que as emissoras devem comprar uma assinatura para o sistema ao qual os consumidores não têm acesso.

TraceDirecte

Oferecendo viagens de 10 à 25% mais baratos que nos revendedores tradicionais, esses novos atores do turismo atraem clientes não acostumados a agencias de viagem ou operadoras. São ex-backpackers, hoje casados ou com crianças, que querem programar roteiros diferentes e personalizados, mas com segurança e organização. Clientes difíceis de segurar, eles gostam dos contatos diretos com  os receptivos locais,  não ameaçando as grandes operadoras, mas obrigando os especialistas a reagir com criatividade. Travel Agent Day May 06 2015_0Para as agencias tradicionais, esse novo modelo vai com certeza levar a novas brigas entre os antigos e os modernos. Mas é claro que a relação direta, com mais serviços locais, vai também  trazer mais oportunidades, seja para mostrar competências, agregar valor ou atrair novos clientes. A intermediação das “Feiras livres” ainda está se consolidando, mas em todos os casos as agencias receptivos locais continuarão a ser incontornáveis tanto através das grandes operadoras que via os corajosos inovadores do trade turístico.

Esse artigo foi traduzido e adaptado de um artigo original de Bernard Scheou no Reseau Veille Tourisme da “Chaire de Tourisme Transat ESG UQAM”

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