Enquanto viajantes e profissionais brasileiros ainda lembram com saudades a nossa querida Varig, a revista belga Pagtur publicou essa semana umas estatísticas que mostram que a Europa foi, nos últimos quinze anos, um verdadeiro buraco negro de transportadoras. Somando aquelas que pararam as atividades, as que quebraram mesmo, sejam empresas de cargas ou de passageiros, são 645 companhias aéreas cujos aviões sumiram dos céus europeus.
A lista dos países mais atingidos mostra que não se trata dum problema especifico de economias fracas ou emergentes. O pódio reúne Rússia, França e Reino Unido, e dois terços das companhias aéreas são de países da União Europeia. E, nos cinquenta países analisados, ficaram em segunda, terceira e quinta posição três das cinco maiores economias mundiais. A frieza dos números não traduz também os choques econômicos, sociais e humanos que algumas dessas falências trouxeram, especialmente em países menores. Na Suíça com o grupo Swissair, ou na Bélgica com a Sabena, a quebra dessas transportadoras emblemáticas foram verdadeiros dramas nacionais e com grandes repercussões internacionais.
O Brasil viu também muitas companhias desaparecer. Sem lembrar da Panair, nenhuma das grandes companhias existindo nos anos setenta sobreviveu as crises. A Cruzeiro do Sul, então fiel parceira da Air France, foi absorvida pela Varig, a Transbrasil e depois a VASP foram para falência. A própria Varig, que chegou a ser uma das maiores e das melhores companhias do mundo, acabou falindo em 2006 num processo judicial que ainda está se arrastando. Muitas companhias menores também sumiram, e só listando as bandeiras que já atuaram no Norte do Brasil, deu se para mencionar Paraenses, Taba, Penta, Votec, TAF, Total, Nordeste, Rico …
Para os viajantes e para os profissionais, essa fragilidade justificaria a obrigatoriedade de seguros cobrindo todas os serviços e as operações das companhias aéreas. Ao contrario das companhias de cruzeiros, ou das grandes operadoras internacionais com TUI ou Thomas Cook, a aviação só assegura os riscos ligados a suas operações diretas e não as reservas hoteleiras, aos alugueis de carros ou outros serviços reservados nos seus sites. No longo prazo, esse risco é porem compensado. As dificuldades do setor têm a mesma coisa que a sua fantástica democratização : a impressionante queda dos preços. Em 1973, uma ida e volta de São Paulo para Paris custava no mínimo 1275 USD (com a tarifa YE …). Hoje de manhã podia comprar a mesma viagem na Air France por 599 USD, seja 10 vezes menos em moeda constante. Pensando que no mesmo prazo o preço do combustível subiu quase 100 vezes, dá para entender melhor as dificuldades do setor bem como o extraordinário esforço que as companhias aéreas estão fazendo hoje para dar asas aos nossos sonhos.
Esse artigo foi traduzido e adaptado de um artigo de Michel Ghesquière na revista on-line belga Pagtur
Países e numero de companhias fechadas na Europa desde 2000:
Rússia 88, Reino Unido 76, França 31, Grécia 29, Alemanha 24, Espanha 24, Italia 23, Georgia 22, Austria 20, Suécia 20, Belgica 17, Arménia 16, Hongria 16, Ukrainia 16, Romenia 15, Bulgaria 14, Finlandia 14, Paises-Baixos 12, Polonia 12, Bosnia 10, Chipre 10, Irlanda 10, Suiça 10, Slovaquia 9, Croatia 8, Moldávia 8, Portugal 8, Serbia 8, Turquia 8, Norvègia 7, Albania 6, Dinamarqua 6, Islandia 6, Lituania 6, Tchèquia 5, Estonia 4, Macédonia 4, Slovénia 4 ,Azerbaijão 3, Letonia 3, Malta 3, Chipre Norte 2, Groenlândia 2, Ile de Man 2, Luxemburgo 2, Belarus 1 e Faroe 1.
TOTAL: 645