Se a França é conhecida acima de tudo pela sua deslumbrante capital e os dois milhões de habitantes que se orgulham de viver no Paris “intra-muros”, não se deve esquecer que a riqueza e o charme do primeiro destino turístico do mundo também vem dos seus 36.658 municípios. Quase 32.000 são pequenos vilarejos de menos de 2000 habitantes, lugares charmosos onde nunca faltam uma bela igreja da idade media, uma prefeitura do século XIX, uma padaria, um açougue, um mercadinho e vários bares. Alguns deles, os 156 mais bonitos, criaram até uma associação dos “Plus beaux villages de France” . Todos estão brigando cada ano para ganhar o concurso do mais bonito vilarejo do ano, organizado pela TV France 2 para divulgar essa particularidade bem francesa que surpreende e atrai os visitantes, especialmente os brasileiros. Esse fascínio já vem de muitos anos. Nos arquivos da Atout France no Brasil encontramos recentemente um artigo publicado há mais de 20 anos que achamos interessante de dividir com nosso leitores, certos que essa pequena contribuição a historia do turismo no Brasil levantará algumas vontades de viajar pelas regiões francesas fora das rotas tradicionais.
Jean-Philippe Pérol
O ESTADO DO PARANÁ 1 DE MAIO DE 1994
A MAGIA DOS VILAREJOS FRANCESES, por Jean-Philippe Pérol
Meu vilarejo
Não é pela igreja romana do Século Xlll, as capelas ou os antigos sobrados que o viajante se sentirá seduzido por Auzances. O que ele vai amar neste vilarejo é andar pelas ruas, parar nas lojas onde os comerciantes curiosos vão logo querer puxar uma con· versa, atravessar as pracinhas limpas e floridas. parar num dos barzinhos (há mais de 15 para 1.600 habitantes), tomar um vinho (usa·se misturar com soda limonada para fazer o “rouge limonade”) e bater papo com o dono, fascinado pelo Brasil, passear nas florestas dos arredores e procurar cogumelos… visitar os castelos onde impedimos a invasão dos ingleses durante a Guerra dos Cem Anos.
No albergue (tem um “Logis de France”) o jantar sempre incluirá uma das especialidades da região: poderá ser o “fondu” (queijo derretido em cima da batata frita), o “boudin” (morcilha, salsicha de sangue, espinafre e cebola), os bolos à base de avelã ou o (talvez) famoso ”paté de pommes de terre” (na verdade uma torta de batatas fechada e servida com creme de leite).
Um vilarejo onde o viajante – e especialmente aquele que vem de longe, trazendo imagens de sonhos – será sempre recebido com carinho… E não esqueça, passando pela praça principal. de dar uma olhada na nossa casa do Século XVI, colada à igreja: é lá que nasceu meu avô.
(0 autor reside em São Paulo e é o diretor para a América Latina da Maison de la France).
Seria bom se pudéssemos assistir mais documentários sobre essas preciosidades que tem na França. TV 5 Monde tem poucos, prefiro ver essas maravilhas que nos fazem sonhar, e menos notícias e debates. Merci , Perol! !!
Perol, tudo que vc escreve nos faz se apaixonar mais pelo seu pais, já estive na França duas vezes, conheci vários lugares fora de Paris, mas ainda existe muito para explorar…
Obrigado, Angela! E se precisa de mais sugestões na hora de preparar sua proxima viagem, estamos ai!
Amei a reportagem, Perol. Um dia ainda irei conhecer um desses vilarejos que tanto me fascinam. Não sei de onde vem esse meu desejo. Possivelmente fui uma camponesa em vidas passadas…
Todos nos fuimos camponeses em vida passadas … talvez é por isso que esses vilarejos mexem tanto com a gente!
Adoro ler, porque sempre é uma aprendizado. França é apaixonante.
Muito bom Pérol. Tenho quase certeza que o artigo não perdeu a atualidade… Abs
Obrigado, é mesmo, talvez mais atual ainda hoje porque os brasileiros conhecem melhor a França e precisam de coisas diferentes mesmo!