Foi-se a época em que os viajantes eram insensíveis aos apelos para um turismo sustentável. Além de ser muito céticos da realidade do poder de cada cidadão sobre as mudanças climáticas do planeta, acreditavam que o respeito ao meio ambiente era somente uma nova forma de maltusianismo, e achavam que aquela sugestão dos hoteleiros de não trocar as toalhas duas vezes por dia era somente uma jogada para economizar nos gastos de lavanderia.
Hoje as convicções dos consumidores e a pressão da mídia obrigaram os profissionais a dar mais atenção a essas preocupações. Todos estão convencidos que não somente a satisfação do turista, mas também o próprio futuro de cada destino turístico, dependem da sua capacidade a proteger o seu meio ambiente, a administrar seus recursos e a integrar os moradores a seus projetos . A Organização Mundial do Turismo ainda lembrou esses princípios a semana passada durante o FiturGreen 2015 de Madrí, destacando o papel dos agentes de viagens na valorização das experiências bem sucedidas e de produtos inovadores.
Se todas as grandes empresas estão investindo no turismo sustentável, algumas podem ser consideradas pioneiras. É o caso da Accor que começou em 1994 e que lançou em 2012 o seu programa PLANET 21. Foram 21 compromissos da Accor em favor do desenvolvimento sustentável, com destaques na saúde, na natureza, nas emissões de carbono, na inovação, e no desenvolvimento local. Sempre empenhada e muitas vezes premiada pelo o bem estar dos seus funcionários, Accor integrou também objetivos referentes ao emprego e ao diálogo comunitário , reforçando assim o conteúdo social e humano do turismo sustentável.
Mas foi talvez a Relais Châteaux que resumiu melhor, no seu manifesto para um mundo melhor lançado em Paris no ultimo mês de Novembro, a força da integração entre o turismo e a sustentabilidade através das tradições de gastronomia e de hospitalidade de cada destino. Nos vinte compromissos das “maisons” da cadeia de origem francesa, são lembradas as exigências de limitar o impacto da atividade sobre o meio ambiente, de trabalhar em conjunto com as comunidades ou de valorizar os colaboradores. Mas o turismo sustentável integra para Relais Châteaux duas novas ideias para um mundo -e um turismo- melhor.
A primeira é a importância de preservar a diversidade das gastronomias e das culturas de atendimento do mundo. O turista deve receber um cardápio que seja, mesmo no seu lado criativo e inovador, o testemunho e a expressão de um ambiente natural, de um ambiente cultural e de uma história local. Os produtos devem ser preferencialmente escolhidos em associação com agricultores e pescadores das comunidades, respeitando a sazonalidade.
A segunda é a necessidade de partilhar a paixão pelo belo e o bom não somente com os turistas mas com todos aqueles que participam desse atividade . Estabelecer um código de boa conduta e lealdade junto aos pequenos produtores, oferecer a colaboradores condições justas de trabalho e de remuneração, contratar jovens aprendizes e investir no bem estar dos moradorese fortalecem a convicção duma riqueza partilhada diariamente com todos.
Assim que ficou claro num debate organizado em Janeiro pela Atout France, o turismo sustentável já é levado a sério pela empresas brasileiras mas o seu custo ainda não é sempre aceito pelos clientes. A conscientização crescente da sociedade, a vontade dos consumidores de participar a construção dum mundo melhor, e, mais ainda, os beneficios diretos trazidos ao turista e ao turismo vão sem duvidas levar os compromissos com a sustentabilidade a ser em muito breve uma exigência de todos.
Jean-Philippe Pérol
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Pingback: Na COP21, o turismo como convidado discreto mas muito presente! | "Le Blog" do Pérol
Estou passeando na cidade de Manaus e estou muito insatisfeita com o turismo que oferecem aqui.
Empresas de turismo oferecem um tur pata ir em uma vila na floresta para ver animais. Mas estes animais são sequestrados para que os turistas peguem e tirem fotos ( jacarés, sucuris e bicho preguiça), alimentam os botos e macacos para que estes se aproximem, assim alterando ciclo alimentar desses animais
Não concordo com esse tipo de turismo e não gostaria que as pessoas continuem financiando isso.
Tem unfelizmente algumas empresas que não respeitam nem a natureza nem a lei. Mas tem uma fiscalizacão cada vez mais forte, e as empresas de turismo devidamente cadastradas na Embratur tem muito cuidado com isso. Os turistas tem que se informar antes de reservar e não comprar de desconhecidos.