Ícone da chamada “economia colaborativa” no turismo, AirBnB teve uma vitória importante em São Francisco no ultimo dia 07 de Outubro. Depois duma discussão animada, a Câmara Municipal votou o primeiro projeto de legalização dos alugueis temporários entre particulares nos sites de home sharing. Todos os políticos elogiaram um sistema que permita aos habitantes de dividir experiências com os visitantes, ganhando uma renda complementar. Mas, mostrando preocupação com os abusos, a concorrência desleal, e a falta de fiscalização, conscientes que muitos dos 5000 apartamentos oferecidos pela AirBnB em São Francisco foram retirados do mercado tradicional e estão fazendo falta a população, eles exigiram a regularização do mercado.
Quem quiser alugar um quarto ou um apartamento tem agora que se inscrever num registro, pagar 50 USD um alvará, pegar um seguro de 500.000 USD, recolher o mesmo imposto de que os hotéis, e certificar que moram no local pelo menos nove meses durante o ano.
Para AirBnB, essa lei era importante não somente porque São Francisco é a cidade onde nasceu em 2007 e onde trabalham 500 dos seus 1000 funcionários, mas também porque muitas outras cidades como Nova Iorque, Paris, ou Barcelona estão pressionadas pelos profissionais, e poderão seguir o exemplo californiano. A empresa outrora simples comunidade de viajantes não deixa mais seus concorrentes indiferentes. Agora com um bilhão de dólares de faturamento, 20 milhões de clientes e 800.000 apartamentos – as vezes de luxo-, em 34.000 cidades, ela enfrente a oposição do setor hoteleiro e de todo o trade tradicional que reclama com razões de não ser submetido as mesmas obrigações quanto aos investimentos e aos impostos.
Com os viajantes atraídos não somente pelos preços, mas também pela experiência, pelo contato com os habitantes e pela facilidade de reserva, o crescimento dessa nova economia colaborativo é irresistível, vai chegar a outros segmentos (AirBnB jà tem 10% de clientes corporate) e a outros mercados (acabaram de abrir um escritório em Pequim). Outros setores do turismo já sofrem da nova concorrência, por exemplo os taxis com a empresa multinacional Uber que oferece “caronas remuneradas” ou serviços de transportes em 39 paises, proibidos em varias cidades mas recentemente regulamentado em Paris mesmo que seja de forma restritiva.
Para o trade como para os responsáveis políticos, o exemplo de São Francisco é sem dúvidas um exemplo a seguir. As novas tendências do mercado, os avanços tecnológicos não se enfrentem com corporativismo ou proibições, mas simplesmente com regras claras que protegem os consumidores e asseguram uma concorrência justa e sadia.
É difícil acreditar Nathan Blecharczyk, fundador de AirBnB quando ele declara que os seus clientes não são os mesmos que dos hotéis, ou o Gore Coty, patrão da Uber France, quando fala que não compete com os taxis, mas é claro que esses novos atores contribuem, com ofertas criativas adaptadas a novas tendências do mercado, ao crescimento do turismo. Podem também inspirar os atores tradicionais. Talvez não é por acaso que Accor lançou sua marca Adagio, apart-hoteis localizados no coração das grandes cidades, justamente em 2008, um ano depois do nascimento da AirBnB.
Nem nos Estados Unidos e na França – seus mercados lideres-, nem no Brasil -onde teve com a Copa um sucesso excepcional- , ninguém precisa ficar com medo da ”economia colaborativa”. Vai continuar a crescer, oferecerá mais opções aos viajantes, e, se devidamente regulamento, será também para os profissionais uma fonte de novas oportunidades.
Jean-Philippe Pérol
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Sou fã do Airbnb, já tendo me hospedado por 3 meses em Paris, em dois apartamentos, afora em Biarritz, Estocolmo e Copenhagen. Em 2015 será a vez da Itália. Só recomendo!