1914-2014: novo impulso para o turismo de memória?

Dia 11 de Novembro é na França um dia de memória. Há 95 anos acabava a Primeira Guerra Mundial, um conflito que matou 20 milhões de homens e mulheres, e que deixou a Europa arrasada economicamente, socialmente, e psicologicamente. A França  foi vitoriosa e venceu a invasão alemã, mas ficou arruinada e perdeu 1,4 milhões de soldados, ou seja, vinte por cento das tropas de combates.

Poucas famílias foram poupadas, a mãe da minha mãe perdeu seus dois irmãos, Pierre e Paul, em duas semanas. Nos vilarejos do interior do país, que forneceram a maioria dos pracinhas, a sangria é ainda hoje visível nas terríveis lista de nomes dos ‘Monuments aux morts”. Em Auzances, aldeia do meu avô,  René Pérol, cento e trinta jovens morreram, incluindo dois tios dele. Na companhia onde ele lutou, de cem homens só dois voltaram sem ser mortos, feridos ou prisioneiros.

OUF C EST FINI

O alívio dele com o fim da guerra pode ser visto nesse cartão postal que ele mandou naquele dia para a mãe dele: Ouf! Acabou. Excelente saúde. René.

Iniciado logo depois da Guerra, o turismo de memória foi um dos primeiros turismo de massa, levando centenas de milhares de ex-combatentes, franceses, ingleses, americanos e até alemães para os campos de batalha do Norte e Nordeste da França. E Atout France em Londres ainda guarda folhetos de 1924 com pacotes ‘militares’ . Ainda hoje, esse turismo é  de extrema importância para várias regiões francesas. E o caso da Normandia que fez um trabalho extraordinário para valorizar os acervos da Segunda Guerra e do Dia D. Na véspera das comemorações do centenário do início da Primeira Guerra, a região volta a ser pioneira em um trabalho sobre as adaptações necessárias desse tipo de turismo e as exigências das novas gerações que não conheceram os seus bisavós ou tetra-avós que lutaram pela nossa liberdade.

Num próximo post, apresentarei esse trabalho.

Jean-Philippe Pérol

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